quinta-feira, 28 de julho de 2011

Primeiras Impressões

É engraçado como as coisas acontecem e a vida sempre acaba nos surpreendendo.

Quando o meu avô faleceu eu fiquei muito mal. E durante algum tempo fiquei perdida, sem saber o que fazer para acabar com aquele vazio tão terrível.


Um dia resolvi escrever tudo o que me lembrava do meu avô, tudo que tínhamos vivido e conversado. Na verdade eu estava sentindo um medo terrível de esquecê-lo. De chegar num momento em que eu não me lembrasse mais de nós juntos, do cheiro dele, da risada e principalmente dos conselhos. Então, numa tarde, correndo pela trilha do Ibirapuera, resolvi escrever sobre isso. Durante dez dias sentei-me no computador e escrevi tudo o que me lembrava.


Quando terminei o primeiro texto de "Meu Avô & Eu" não imaginava que um dia se tornaria um livro. Hoje acredito que, quando você escreve algo assim, ele não pertence mais a você. O texto simplesmente "fugiu" de minhas mãos e meu controle.


Durante um certo tempo guardei-o numa gaveta. Depois resolvi mostrá-lo a alguns amigos.

Disseram-me que o texto era bom e que eu devia tentar publicá-lo, mas eu jamais ousaria fazer isso. Eu sei que não sou boa com gramática e que o texto estava repleto de erros. Mesmo assim, quando uma amiga, Talitta, perguntou-me se poderia enviá-lo à um amigo que trabalhava numa editora, eu disse que sim.


Eu não pensei que o tal amigo da Talitta fosse realmente ler o texto. Aliás, eu não sabia nada sobre ele. Quando ela me falou do amigo, achei que ele trabalhasse em qualquer área na editora e que pudesse, de alguma forma, indicar o livro para alguém lá. Disse que ela poderia enviar o texto e não pensei mais nisso. Dias depois recebi um e-mail do Marcos. Ele era editor e queria publicar o meu livro. Disse à ele que o livro não estava bem escrito e que o texto tinha muitos erros. Ele então me disse: "Adriana, você sabe contar uma história. Quanto à gramática existem revisores. Você quer publicar seu livro?". Eu respondi que sim.


Depois disso, resolvi fazer uma nova pesquisa e fui visitar o meu tio João (Raul no livro), que tem 90 anos e é o único irmão ainda vivo do meu avô. Voltei à casa que passei a infância e foram dias realmente muito bons. Estar novamente com o meu tio, tão parecido com o meu avô, ouvir expressões e histórias tão familiares e comer outra vez a comidinha da minha tia Emília (Olívea no livro) me fez um bem enorme.


Voltei à São Paulo e com a ajuda do Diego, meu esposo, fizemos uma nova revisão do livro e encaminhamos para o revisor. Por sugestão do editor tivemos que mudar alguns nomes de pessoas citadas no livro e todo esse processo de revisão histórica, revisão gramatical e ortográfica, levou mais um ano.


No final de novembro de 2010, o Marcos me procurou para aprovarmos o miolo e a capa do livro. Precisamos fazer novamente algumas alterações e corrigir alguns erros. Isso levou mais alguns meses e finalmente no início de junho de 2011 a capa ficou pronta e o livro já poderia ser lançado.


Decidimos lançá-lo no dia 15/07/2011. O evento foi perfeito.

Tudo saiu da maneira como imaginava. Isso aconteceu numa incrível noite de lua cheia.

Ver tantas pessoas queridas ao mesmo tempo é indescritível. Meu irmão veio com a esposa e filhos, meus sogros e cunhados. Os amigos queridos de São Paulo e até desconhecidos meus, convidados por outros amigos, estiveram lá. Algumas pessoas que eu tinha certeza que iriam não foram, outras que eu imaginava que não iriam foram.


O livro vendeu razoavelmente bem no evento. Restaram alguns livros, que estão sendo vendidos aos poucos. Imprimimos a mais para atender aos amigos de longe que haviam pedido, mas enviá-los é um processo meio lento. Mas estou feliz com o resultado.


Hoje estou experimentando sensações completamente novas. Até então eu estava sempre em contato com as pessoas que leram o livro. Falávamos sobre isso e eu tinha oportunidade de conhecer a reação das pessoas. Quando você publica um livro, você não tem mais nenhum controle sobre ele, sobre a história e, principalmente, não tem mais esse retorno. Você fica apenas imaginando o que as pessoas estão achando do livro. Você não tem mais como conversar com cada leitor e saber as impressões deles.


Mas, ontem eu recebi um feedback de um leitor. De uma pessoa, que eu não conheço pessoalmente, e foi muito legal saber que o livro rompeu fronteiras. Que a nossa história, do meu avô e eu, emocionou pessoas que nós sequer conhecemos. Alguns amigos distantes, pessoas que conheceram o meu avô, mas que não me conheciam, também deram depoimentos. Então eu entedi a necessidade dessa história ganhar o mundo. O meu avô vai continuar fazendo o que sempre fez: ensinando, divertindo e emocionando as pessoas.


Quero agradecer pelo carinho enorme que tenho recebido. Por acreditarem nesse livro, por me ajudarem a fazê-lo existir e por participarem comigo desse momento.


Um grande beijo e obrigada!


Adriana Mani

Um comentário:

  1. Uma excelente história e me dá muito orgulho ter feito parte disso! Acredito muito em Meu Avô & Eu!

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