domingo, 12 de agosto de 2012

Meu Pai & Eu!

Em algum momento entendemos que é preciso dar o nome correto as coisas todas que fazem parte da nossa vida.

O sr. Domingos Mani, não foi apenas o meu avô ou aquele cara íntegro que me acolheu no seu lar no final de 1974. Tão pouco foi só uma pessoa que me alimentou durante toda infância e adolescência ou que me deu uma cama para dormir.

Além disso, ele foi a pessoa que sempre esteve lá...

Nos dias de febre, nos dias de gargalhadas livres ecoando pela casa, nos dias de dor, nos dias de festas, nos dias de lágrimas, naqueles em que tive pesadelos ou  medo de ficar sozinha, quando tive dúvidas, inseguranças, incertezas...

Eu nasci numa quarta-feira de cinza, mas ele não foi pular carnaval na noite anterior, curtir algum baile ou festa na companhia de algum amigo... Ele tão pouco estava de ressaca nessa quarta-feira de cinzas... Era ele quem estava lá no hospital me esperando nascer. Ele foi o único homem a me dar banho quando eu era um bebê.

Também era ele quem levantava nas madrugadas frias, no interior do Paraná, ia acordar o cara da farmácia para comprar remédios ou uma chupeta nova para que eu conseguisse dormir quando perdia a minha...

Era para a cama dele que eu corria chorando, tremendo de medo quando acordava no meio de um pesadelo... Era ele quem ficava afangando os meus cabelos até eu me recompor e voltar a dormir e no dia seguinte, como mágica, acordava de novo na minha própria cama.

Foi ele quem correu comigo para o hospital quando quebrei meu braço aos três anos de idade. Ele quem pagou toda a festa, churrasco, bolo e minhas roupas de aniversários.

Era ele quem me carregava no colo quando estava cansada de caminhar. Era ele quem comprava minhas roupas, sapatos e chocolates. Quem cortava minhas unhas ou me dava broncas quando fazia alguma arte.

Foi ele quem segurou na minha mão e enxugou as minhas lágrimas, naquela noite fria de 1978, quando voltei chorando da rodoviária triste porque minha mãe havia partido para trabalhar na cidade grande. Era ele que ficava comigo quando minha avó ia para igreja...

Foi ele quem me mostrou a lua cheia pela primeira vez... quem me ajudou a aprender a ler e escrever, a fazer contas, a resolver problemas a entender a ordem dos planetas... Ele também foi o cara que me ensinou história do Brasil.

Era ele quem comprava os meus livros e cadernos... quem me abraçava e me dava parabéns no final do ano letivo... Era ele quem dizia que estava orgulhoso por eu ter passado de ano.

Era junto dele que eu lia gibis e via novelas, que escutava a Turma da Maré Mansa no rádio e ria da Nhá Barbina, da Dona Santa ou da Dulcinéia... Era com ele que eu via os desenhos do Garoto Juca, da Turma do Lambe Lambe, o seriado do Chaves ou o Som Brasil, com o Rolando Boldrim.

Era para ele que eu contava meus segredos, reclamava da vida ou fazia fofocas... Era com ele que eu ria a minha risada mais gostosa, chorava meu choro mais sentido, no seu ombro ou deitada em seu colo.

Foi ele quem cantou "A Chalana" para dizer que realmente compreendia a minha tristeza sem que eu precisasse lhe dizer nada... ele simplesmente me acalmava todas as vezes que estava nervosa.

Era ao lado dele que eu me sentava por horas e ficava ouvindo histórias, interrompendo e levando broncas. Era com ele que eu falava mais que a boca e ele nunca me pedia para parar... nunca se mostrava entediado, ele realmente gostava de ouvir minhas tonterias... ele sempre ria de todas elas...

Foi ele quem me ensinou a amarrar os sapatos, abotoar o casaco, pentear os cabelos, escovar os dentes, descascar laranjas, pedir licença, dizer bom dia, por favor e obrigada!

Era ele quem me obrigava a comer verduras e legumes e a raspar o prato. Era ele todas as noites que respondia já deitado em seu quarto: "Deus te Abençoe". Era ele quem dizia no portão: "Vai com Deus!".

Também era ele quem proibia namoricos, quem queria saber tudo sobre meus amigos, onde ia, com quem ia e que horas ia voltar... era ele quem algumas vezes ia me buscar em algum lugar.

Era ao lado dele que eu sempre me senti mais segura. Ele nunca me disse que jamais iria embora ou que nunca me abandonaria, mas eu sempre tive certeza de que ele jamais faria isso... e ele realmente nunca fez e sempre esteve esperando por mim.

Foi ele quem me aconselhou sobre garotos e namorados, sobre más amizades, maus comportamentos e me cobrava postura de menina descente.

Foi para ele que pediram para se casar comigo... E foi ele quem me viu entrar vestida de noiva na igreja...

Foi para ele que eu contei que iria ter um bebê... foi ele quem me abraçou, me desejou boa sorte e me falou todas as coisas que eu precisava saber sobre maternidade...

Foi ele quem me aconselhou a fazer uma faculdade, a me separar quando as coisas ficaram difíceis, a me mudar para cidade grande e procurar um lugar ao sol.

Foi ele quem me ensinou a importância de ser honesto, ético, generoso, incorruptível, franco e verdadeiro.

Foi ele quem me deu os mais belos exemplos de respeito, cidadania, humildade, bondade e amor...

Foi ele quem me ensinou a ter fé... que sempre há uma esperança e que posso ser uma vencedora.

Foi ele quem me mostrou os caminhos, as pedras e explicou como poderia a tirá-las...

Foi ele quem disse que algumas vezes eu poderia me perder, mas que era perfeitamente capaz de me reencontrar rapidamente...

Foi ele quem disse que não é feio, nem errado mostrar nossas fragilidades... que ninguém é assim tão forte ou perfeito que não comete alguns erros as vezes. Que as vezes seria discriminada por minhas escolhas, ridicularizada por minha fé ou defeitos... mas que eu não deveria dar importância a isso... As pessoas são arrogantes, egoístas, mas ainda assim é preciso erguer a cabeça, aprender e continuar...

Foi ele quem acreditou nas minhas ideias malucas, quem me encorajou a ser forte, determinada...

Foi ele quem me disse que eu poderia realizar meus sonhos. Que poderia chegar onde quer que eu quisesse... se realmente quisesse... Foi ele quem pediu que eu nunca desistisse de tentar ser feliz...

Ele me admirava, gostava de quem eu sou... eu o percebia sempre feliz quando estávamos juntos, mesmo se não falássemos absolutamente nada. Ao lado dele eu era livre, inteira...

Ele foi o cara mais simples e adorável que eu conheci. Ele é, sem sombra de dúvidas, a pessoa que mais admiro no mundo inteiro e ninguém, mesmo por algum direito legal ou biológico, jamais vai tirar dele o posto de meu pai - que realmente é o que ele sempre foi para mim.

Feliz Dia dos Pais Sr. Domigos Mani! Obrigada por ter sido o melhor pai que alguém poderia ter tido.

Que o meu melhor beijo, meus melhores sentimentos e desejos cheguem até você...

Da sua filha que te ama eternamente,

Adriana Mani






Um comentário:

  1. Nossa que vovô abençoado e que amor e carinho que você nutre por ele que coisa linda era praticamente um pai estou emocionada com suas histórias lindas

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